sábado, 18 de fevereiro de 2012

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Por vezes deixo que o silêncio
me invada
em mim construa um ninho
se faça em mim desavinda estrada
como se um fino vidro fosse
que me atravessasse
e me desnudasse
completamente

Por vezes sinto-me desprotegido e nu
neste silêncio cortante
que embora não querendo
me trespassa e me fere
como um faca afiada


Por vezes não é opção
ser-me assim indiferente
é simplesmente meu fado
ser-me assim descontente
de mim mesmo alheio, ausente
como uma teia que se constrói
mesmo sem se saber...

...e aí cerro os olhos
tão firmemente
incapaz que fico de ver alguém
que não seja este silêncio
que em mim se alimenta
e em mim se sustém

E que por dentro de mim
se vai infiltrando
e dedilhando
promessas incapaz de cumprir

Por vezes fecho os olhos
tapo os ouvidos
cerro todos os sentidos
ao que não quero ver ou ouvir...

...mas as coisas não se desvanecem
apenas porque assim eu peço
e os silêncios não desaparecem
por dentro da escuridão
assim do pé prá mão
apenas porque assim desejo...

...mesmo que por vezes
de tanto já me doerem
estes silêncios insolentes
simplesmente deixo de os sentir... 





...

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